domingo, 18 de dezembro de 2011

Pessoas, tempos e lugares

Conheci pessoas por uma noite
e que duraram por uma vida
Conheci pessoas por anos
e que duraram até uma noite.

Conheci pessoas que achei que nunca conheceria
Conheci pessoas por um beijo
e que duraram por poucos segundos
Conheci pessoas que nunca me conheceram

Conheci pessoas numa mesa de bar
Num ônibus, no metrô, na chuva
Conheci gente que não falava nada
Conheci gente que falava sobre roupa,
sobre Flamengo, sobre Argentina e restaurante mexicano

Conheci lugares que valiam mais que pessoas
que me acolhiam, me protegiam da chuva
que eram quietos, agitados e os dois ao mesmo tempo.
Conheci a cidade.

Conheci pessoas que nem sabem que as conheci
Conheci gente que ainda não terminei de conhecer
Conheci eu mesma
Com olhos de uma desconhecida.

Conheci o tempo
o tempo que passou
Conheci eu mesma
construindo um novo tempo.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Não é nada.

Do mesmo jeito que cada palavra chega na sua boca pra ser pronunciada, é do mesmo jeito que ela se vai. Não, não se vai. Mas se esconde. Se faz fugir, por qualquer outra parte do corpo que não precise ser exposta. Como? Ela já nem sabe mais. Depois daquela última conversa, aquele último desabafo onde as coisas foram todas jogadas para o alto... Depois daquela dificuldade de colocar tudo de novo nos seus devidos lugares. Mas por mais que ela soubesse onde cada uma estava, depois daquilo elas perderam seu encaixe... E em todas as outras tentativas, era sempre a mesma peça que não encontrava mais seu lugar... Aquela que depois do tombo quis ficar de fora. Aquela que depois daquele susto a deixou tão mais distante, talvez, ou então quieta, talvez. Aquela peça que não toma seu devido lugar porque ela ainda tem medo, ou porque ainda é  incapaz... E um pequeno detalhe fez mudar tudo. E ela? Ela não sabia de mais nada. Porque já não pensava mais... Porque há tempos ela não enxergava bem e agora tampouco importava o lugar das coisas. Ela já estava cansada. Das coisas e dela mesmo. E de como tudo aquilo não se encaixava mais, ou talvez até encaixasse. Mas não era ela quem iria fazer tudo aquilo.  Era calma não era? Paciência... Era aquele segredo de não pensar e não esperar nada da vida que faziam as coisas acontecerem. Era o não querer, o não pensar... Era o nada que atraía o tudo. Ela viveria então para o nada, ela tentaria, então, pensar no nada... Talvez em vão... Talvez não.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Destino...?

Na verdade, eu estava lá. Estava lá e estava sozinha. E eu nada poderia fazer lá. A não ser esperar. Eu nada poderia fazer enquanto meu destino não chegasse. Eu era, então, ninguém. Eu era, então, inexistente e incapaz. Eu observava cada placa. Cada árvore. E cada curva. De novo... E já nem lembrava mais de quantas vezes eu havia passado por ali. Nem lembrava de como eu era ao passar por ali. E nem sabia o que eu era agora. Não sabia mais o que esperar do meu caminho. Eu não era mais a dona dos meus sentimentos. Eles simplesmente surgiam e não pediam permissão pra entrar. Meu cérebro até tentava resistir. Mas ele só funciona na hora errada. E eu nada poderia fazer, por ainda estar em lugar nenhum. Eu estava era sem direção... Eu olhava pra trás e me vinham pessoas, momentos, lugares e sorrisos... Todos inacabados. Eu olhava pra frente e me vinham outras pessoas, outros momentos, outros lugares e também outros sorrisos. E eu ainda me perguntava onde é que eu estava, o que eu estava fazendo e quem estava comigo. Lugar nenhum, nada e ninguém. Eu, então, olhava pro céu porque a velocidade das rodas me lembrava a velocidade (por que não) da minha vida. E eu sentia medo. O céu não... O céu por mais que tudo mudasse, os rumos, as direções, as pessoas e (por que não) eu mesma. O céu estaria ali. Tão perto, tão quieto e tão calmo. Era o céu de novo, uma das minhas poucas esperanças. E hoje, naquele momento, naquele vazio existencial... O céu só me mostrava eu mesma. Ele me mostrava que eu ainda o admirava, ainda o amava de uma forma tão mais... natural, talvez. Ele dizia que eu ainda era a mesma. Por mais que todas as mudanças me mostravam o contrário. E aquela sensação que ele me passava... Era como se eu pudesse matar a saudade que eu tinha de mim mesma... Lembrar que o meu destino naquele momento era só o de esperar, me fazia sentir como eu quase nunca me sentia... Me fazia sentir sem nenhuma obrigação de existir, porque eu realmente não estava em lugar nenhum. E eu nada poderia fazer. Eu só esperaria, até o último momento e juntaria todas as minhas forças pra que na hora que eu chegasse, eu pudesse ser alguém e existir novamente. Sem medo da vida... Sem medo das direções e sem me importar se elas eram certas ou erradas. Porque, afinal, o destino sempre chega.