quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Pra não perder o costume.

Escrever só pra não perder o costume. Só pra não esquecer que eu ainda tenho essa humilde habilidade de colocar palavras em um papel. Uma coisa que todos sabem fazer, mas poucos fazem, poucos ainda fazem bem. Mas o que me importa escrever bem? Nem buscar sentido nas palavras eu busco. Nem pensar pra escrever eu penso. Ou penso? Ou sinto? Mas o que importa? Nada importa. Importa é que pelo menos essas palavras eu ainda tenho comigo. Pelo menos essa humilde habilidade de escrever a vida não me levou embora. Porque por mais que nada fizesse sentido, eu escrevia. Por mais que nada valesse a pena, eu escrevia. E por mais que ninguém lesse, eu também escrevia. E por que eu escrevia? Só pra não perder o costume. Só pra deixar registrado as noites de insônia, de angústia e tristeza. Ou então aquelas de alegria, de risadas e carinhos. Ou então pra ler algum dia e dar risadas, ou então chorar... Ou então pensar: "nossa, eu escrevi mesmo isso?" E lembrar de quem um dia eu cheguei a ser. E o tempo não me deixou continuar ser. A vida exigiu que eu fosse mais. E talvez até tenha sido. Mas de um certo ponto. De outro, nem tanto. Porque talvez a cada dia que passasse eu fosse menos. Menos viva. Menos paciente. Menos sorridente. A vida me ensinava. E eu aprendia sim. Eu aprendia coisas sobre a realidade. E a realidade sim, mata. Mas ninguém me disse que eu era obrigada a vivê-la. Eu poderia sonhar, mesmo que fosse só nos meus sonhos. Eu poderia viver de sonhos mesmo que eles não se realizassem e minha vida, no final das coisas, seria como um conto de fadas. Irreal. Mas meus sonhos, talvez, eram um dos poucos motivos que me fizessem querer viver mais. Viver melhor. Sorrir. Pular. Mesmo que tudo fosse uma mentira.

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