domingo, 16 de dezembro de 2012


Se eu me procurar mais, talvez me encontre.
Nas lembranças mais profundas que tenho de mim mesma
Guardadas no último baú da última estante.

Talvez eu me perca mais.
Procurando por alguém que eu mesma nem conheço
E perdendo-me no meu próprio eu.

Talvez me encontre
Mas não me reconheça
E morreria sem saber sequer quem um dia já fui

Mas quando eu me encontrar
Perguntarei porque me abandonei
Porque me deixei levar
E quando voltarei

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Parei no tempo
E palavras não tenho mais
Nem a dor que me acompanhava
Agora nem ao menos falta faz

Cansei de viver
Na metade da minha vida
De me perder em tantos lugares
E nunca encontrar a saída

Viajo nos pensamentos
E cada dia vôo mais longe
Sigo sem bagagem, sem lembrança
Sigo sem mim e sem ninguém

Agora choro.
Fingindo ser o que nunca fui
Esquecendo o que eu sempre quis
Morrendo tendo vivido nada.

domingo, 30 de setembro de 2012

Alegria sem nome

Eu ria e chorava ao mesmo tempo
E procurava onde estavam todos aqueles "eu te amo" que eu lia
E meu coração, de repente, triplicava de tamanho
E eu era tomada por uma alegria que ainda não tinha nome

Eu era levada pra algum lugar que eu não conhecia muito bem
Mas que eu não queria mais sair
Não queria mais deixar
E esse lugar era só ao seu lado


As lembranças, as memórias, nossas histórias
Me vinham não só a mente, mas ao coração
E eu era tomada por uma alegria que ainda não tinha nome
E eu queria voltar e parar o tempo, só um pouquinho

Eu desejava não ser mais tão forte
Eu desejava ter coragem pra te falar uma última vez
Eu desejava não ter medo e não saber da verdade
Eu lia seu nome
E era tomada por uma alegria...


As palavras não cabem mais nos versos
Os pensamentos se foram
Os sentimentos se perderam
E não vai ser mais eu quem vai busca-los

A beleza do amor
Nas noites mais calmas
E o mais profundo dos sonhos
E só o meu cansaço para compensar

Esse mundo nojento
Essa realidade esdrúxula
As pessoas, não menos que isso, hipócrita
Me vão adoecendo a vida

E eu, por falta de escolha
Falta de sorte
E de prazer
Saio de casa sem nada a dizer.

domingo, 19 de agosto de 2012


Até que você descobre,
Lá naquele lugar longe
Aquela pessoa longe
Que há muito tempo atrás,
vocês já foram próximas
e dividiram um tempo,
um lugar.

E por pouco
Pouco tempo,
Vocês foram um só
Um encontro de almas,
Uma troca de olhares,
Um pensamento, um desejo.

Um simples gesto, que ficou na memória
Preservado pelo tempo.
E nem o tempo, tão forte e cruel,
Deixou levar...

E aí descobre
Lá longe
Que já foi criança,
Que já errou,
Que já fez tudo aquilo,
que hoje nem perdoaria mais...

E aí descobre
O poder do tempo
E vê, o quanto tudo muda.
Mais do que possamos imaginar.

E aí descobre,
O quanto somos fortes
Mais do que possamos entender...

E aí descobre, tarde demais...

sábado, 11 de agosto de 2012

Um lado que desconheço


Um lado que desconheço
Que arrepia a alma e aquece o peito
Um lado que está em mim e não é meu
Que só encontro quando me perco

É assim, então, que amanheço
Ao olhar nos seus olhos
E sentir-me protegida diante do meu maior perigo
É assim que me entrego
E fecho os olhos pra te enxergar melhor

Pergunto-me  onde e quando
Mas foi logo e  bem aqui dentro
Respondo sem possuir palavras
Deixo tudo quieto e confuso
Deixo-me assim como sou

Voa


Voa, voa, voa, voa, voa, voa, voa.

Cai!

Para.
Pensa.
E chora

Passa um dia
Uma semana
Um mês

Voa, voa, voa, voa

Cai!

Trabalha, estuda, bebe.
Vem a noite, vem o vento...
E voa!

E cai!

E voa...

E cai!

Cai!

E já não quer mais voar.

sexta-feira, 29 de junho de 2012


Talvez eu teria mais facilidade com palavras
Mas não com sentimentos.
Eu poderia saber exatamente o que fazer
Mas simplesmente não ter coragem para isso.

Poderíamos conversar sobre muitas coisas
Ou somente das nossas semelhanças
Eu poderia falar o que você quisesse ouvir
Ou somente ficar quieta olhando nos seus olhos.

Eu poderia ser só mais uma
Ou aquela que mudasse sua vida.
Você poderia ser só mais uma
Ou aquela que mudasse minha vida.

E eu?
Poderia só te amar.
E esperar que você volte amanhã
E te amar.
E amar.

quarta-feira, 27 de junho de 2012


      Os anos passam e cada vez mais me sinto convencida de que sou mesmo alguém. Não, de que preciso ser alguém! E rápido, porque o tempo está passando. Mas só o que sei é olhar pela janela a espera de que ele passe mesmo, que passe logo, sem que eu perceba. É só isso que espero da vida, que ela passe. E que eu faço dela, além de perder tempo? Ah, se eu soubesse como ganhar tempo. Certamente perderia-o do mesmo jeito. Ah, se nada fosse tão complicado e eu conseguisse me encontrar em qualquer caminho que fosse... Eu me perderia mesmo já tendo me encontrado. E se eu me contentasse em ter só uma vida normal, em ser uma pessoa normal! Ah, se eu soubesse como ser normal!
      Os anos passam e cada vez me sinto convencida de que sou mesmo forte. Não, de que preciso ser forte! Mas quem disse que quero ser forte? Que quero pensar antes de agir, que quero ser correta, que quero ser rica e ter só uma família? Ah, eu quero tudo errado mesmo. Quero perdição e juventude. Quero barulho, bebida e bagunça. E quanto menos eu for alguém, melhor. Quanto menos eu SABER, melhor também. E que minha vida seja sempre de menos.
      Os anos passam e já não sei de mais nada. Já cansei de ter e não ter. Do sim e do não. Já cansei de esperar, de (não) acontecer. Cansei da rotina, mas mais ainda eu cansei de mim. De me olhar no espelho. De me ver sempre do mesmo jeito. Cansei da minha voz. Do meu cabelo. E quando eu tiver que fugir de novo, fugirei de mim mesma.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

O que aconteceu foi que eu cheguei até aqui. O problema é que eu não cheguei sozinha, e aliás não sei viver sozinha. Eu preciso de você. E eu não faço nada por ti. Devo-lhe a minha vida e nem ao menos estou ao seu lado. Dói em ti. Dói em mim. É isso que eu sei, que eu sinto e que eu sou. Dor. Se fosse só eu, se fosse viver por mim, se fosse a só a minha felicidade e só a minha vida. Seria menos difícil. Ah, eu penso por mim, eu penso por ti, e acabo vivendo pra ninguém. Acabo sentindo tanto, tantas coisas. São tantos sentimentos aqui dentro, nesse lugar já tão cansado e triste. Magoado. Mas pra mim? Eu? Ah, eu não. Não, não quero nada. Pode ficar tudo pra você. Não quero nada. Nem ninguém e nem a mim mesma. Nem quero vida. Nem rotina. Nem gosto e nem desgosto. Nem desgraça. Mas pra você? Por você! Ah, por você quero tantas coisas! Ah, pra você e por você quero ser alguém. Quero a mim mesmo. Quero a minha vida que é tua. Quero fazer dela, o que eu jamais pensei que conseguisse fazer. E nem acho que sou digna de conseguir, mas eu quero. E quero tudo. Quero muito. Quero independente de qualquer outra coisa. Desejo. E o maior de todos ele, agora, é somente encontrar-te.

domingo, 22 de abril de 2012

Havia um tempo

Havia um tempo
Um tempo em que pessoas eram importantes e incríveis
Pessoas eram humanas e sensatas
Havia um tempo em que não mais havia

Havia um tempo
Um tempo em que o trabalho era digno
Os estudos eram essenciais
E os pensamentos não mais do que só orientados

Os dias passavam
As noites duravam
Os sorrisos constavam
E as lágrimas aquietavam

Havia um tempo
Um tempo de vida.
De paz e tranquilidade
De destino, Deus e caminho.

Havia um tempo
Um tempo sem pensamentos
E um tempo sem conciência
Era um tempo sem vivência

Um tempo puro
e inocente.
Um tempo de construção
e experiência.

Havia um tempo que não mais havia
Era um tempo passado
Um tempo que passou
e levou aquilo que não deixou-se durar.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Eu pedi a chuva
E assim acabei com o Sol
E aí choveu molhando crianças
Molhando animais, molhando vida.

Eu pedi a chuva
Como um alívio que atingisse o peito
Que matasse angústia
Que curasse defeito.

Eu pedi a chuva
Querendo água e flores alegres
Água que matasse a sede
Flores que por mim dissesem

Mas a chuva só tirou luz do Sol
E trouxe nuvens tristes
A chuva molhou meu dia
A chuva molhou meu canto.

domingo, 8 de abril de 2012

Aí então, antes de dormir, pensei em você
Mas pensei mesmo, ao fechar os olhos,
Vi seu rosto me tirar o sono
Vinha-me a lembrança do nosso beijo

Agora aqui estou, sozinho na noite,
Esperando até que eu te esqueça
Até que a realidade enfim apareça
E traga de novo a tristeza que me tiraste
Quando naquela noite me abraçaste
Quando seu corpo do meu se aproximou
E num instante nada mais era o que  era
E a ligeira transformação aqueceu meu coração

Aí, então, aqui e agora
Falo-te que nesta noite pensei em você
Naquele seu toque suave e quente
No seu rosto e no seu olhar... Seu sorriso...

Eu, antes de dormir, pensei em você
E falo-te isto sem olhar nos seus olhos
Falo-te isto sem esperar que acredite
E o que me importa mesmo é que pensei em você

Mesmo não podendo, nem acreditando
Pensei em ti só porque quis pensar em ti
E nada mais
Pensei em ti só porque quis sorrir

terça-feira, 6 de março de 2012

Nós

Ainda o que sei não me importa
Nem me cativa
Busco ainda o impossível
Busco ainda me ver em ti
Porque o que eu digo em palavra
Não diz mais que meu silêncio
Nem meu sorriso
Nem eu mesma
Ainda que uma fotografia fale por nós
Uma poesia
Ainda que um música fale por nós
Um toque
Quem sabe o silêncio
A fé, o destino, a vida
Quem sabe o sol
a lua, as estrelas e a noite
Quem sabe nós?
Há alguns dias senti como se minha vida tivesse acabado. Mas, infelizmente não acabou. Desde então, eu não vivi mais, mas aguentei. E fui aguentando. Até que meu sono começou a ficar perturbado. Minha mente também...
A insônia e o excesso de pensamentos foram, digamos que normais, até então. Porém eu havia perdido a vida e estava abalada. Eu continuei vivendo como se a vida não existisse.  Eu percebi que as coisas mudariam sim, mesmo eu achando que não mudariam mais.

A vida insiste em me surpreender e eu teimo em achar que ela não me surpreenderá mais, um dia. Não estou acostumada a viver. Nunca estive. Vivo procurando sinônimos para isso. Para quem sabe entender... Mas eu também não entendo e teimo em entender. Não encontro motivos nem razões mas teimo em procurar. E insisto ainda em ir e procurar um caminho que eu sei que não me levará a lugar nenhum.

Por que? Eu não sei.  Por favor, não me venha com perguntas. É só o que eu peço. Eu peço que não queiram respostas. Porque hoje, nesse quarto vazio, nessa casa sem pessoas, nessa cidade desconhecida. Nessa janela sem cortina. Nesse cheiro e nesse estado... Nesse silêncio e nessa solidão. Eu não sinto, nem sequer, mais medo do escuro.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

A palavra certa
Para o momento certo
A música certa
Na hora certa

O mesmo olhar
E a mesma respiração
A mesma letra
E o mesmo sorriso triste

O lugar certo
Na caminhada certa
Com a bagagem certa
Para o destino certo

A pessoa errada
Sentimento errado
Errado pensamento
Erro de viver

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Caminho perdido

Eu não entendo esse medo do silêncio
Esse medo de perder
Se eu nunca soube falar
Nem nunca tive alguma coisa

Esse medo de errar
Medo de sofrer...
...Sofrer por medo
Quando eu nem sei o que é certo

Esse medo da vida
Das pessoas, do amor e da morte
Desse caminho tão díficil
E esses lados tão distantes

Essa cabeça quebrada
E esse coração partido
Esse medo da estrada
Caminho perdido

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Não vou reclamar da saudade
Nem deixar meu desespero subir a cabeça ao ouvir sua voz
Não vou reclamar da dor
Nem da distância que nos impede de um abraço

Não vou falar mais que te amo
Nem demonstrar meu carinho em vão
Não vou falar palavras que não dizem nada
E que nem ao menos descrevem meus sentimentos

Não vou pensar em você
Nem culpar a distância, o destino ou Deus
Não vou reclamar...
Nem falar, pensar ou desejar

Eu vou segurar meu grito
Vou buscar meu ar quando ele fugir
Vou deixar minha vida (se é que ela um dia existiu)
Eu vou pegar a estrada.

Eu vou largar tudo
Eu não vou mais pensar no mundo
Eu vou sair sem me despedir
Eu não vou mais sentir dor