quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Ah, amor!


Ah, amor!
Por que és tão cruel?
És único, és incansável
E és necessário!

Ah, amor!
Por que mal posso entender-te
Mal posso pensar-te
E assim só resta calar-me.
E assim não sou mais o que sou.

Por ti, oh amor!
Consegues ver o estrago que causastes?
Amor, por ti, voei alto demais
Por ti, arrisquei minha vida, amor
E agora, aqui, caída
Sofro porque sofri e no entanto sofrestes

Ah, meu amor!
És cruel, estúpido e imperfeito
E das mil razões que tenho para odiar-te
Há só uma para amar-te, amor
Mas não falo
Porque não tenho palavras
Nem olho
Porque não tenho coragem

Eu fujo, amor!
Fujo porque eu não sabia
E agora sei
Fujo porque tenho medo
Medo do que sou capaz
E do que sou incapaz
E do que não sou!

Ah, amor!
Se me restasse uma palavra para dizer-te
Um pedido para pedir-te
Ou uma música para dedicar-te
(...)

Eu era ninguém
E pensei ser alguém
Agora sou ninguém
Com medo de ser alguém.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Quebra- Cabeça

Sou feita de pedaços
Como num quebra-cabeça
Incompleto e incorreto
Na iludida busca, de quem sabe,
Algum significado pra tudo isso.

E meus pedaços são
Por que não pessoas,
Que quando se encaixam, amam
Quando não, ferem
E ferem amando
E amam ferindo.

E meus erros são
Por que não pensamentos,
Que tentam e tentam se encaixar
Mas ainda não é a hora deles
Então, deixo-os perdidos e largados
Para que um dia, quem sabe, façam sentido.

E as vezes,
Ah, quebra-cabeça inútil.
Formam-se e desformam-se
E cansam-me.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Ontem

Ontem foi o dia
O dia em que todos estavam lá
Não todos que eu mais amava
Mas todos que mais me fizeram aprender
Mesmo do pouco que aprendi
E mais me fizeram crescer
Do pouco que cresci

Ontem foi o dia
Que não chorei ao ouvir 'família'
Que, aliás, aprendi mais sobre essa palavra
E creio que se conseguisse aprender
Um pouquinho a cada dia
Ainda me faltaria o básico do básico
Para começar a entender.

Ontem foi o dia
O dia em que todos estavam lá
E me falavam tudo o que eu não queria ouvir
Mas queria ouvir!
Cresça, voe, viva, conquiste... Supere!
Palavras grandes, palavras repetidas.
E que ganhavam novos significados
Das diferentes bocas que pronunciavam.

Ontem foi o dia
Que finalmente descobri
Que o amor mesmo estando longe
Mas querendo ficar perto
É mais doloroso, que o amor, distante,
O amor perdido...
O amor jogado pro alto!
O amor corrompido.

E ontem foi o dia...
Em que eu vivia
E eu assistia àquilo
E um filme passava na minha cabeça
E uma vontade de gritar e congelar o momento
Me subia até onde o medo ficava mais forte.

Ontem foi o dia...
Presente ainda, aqui.
Nos pensamentos e nos sentimentos.
O dia que não vou viver.
Mas vou lembrar,
vou sentir, vou rezar e vou chorar.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Vinho

Então, traga um pouco de vinho
Ninguém merece saber o motivo
Espere, olhando o caminho
Agradeça por somente estar vivo.

Experimente olhar pela janela
E encontrar abrigo no meio da multidão
Eu prefiro ainda, a espera.
Do que acabar com a doce paixão.

Mas, traga então, um pouco de vinho
E esqueça da dor
Aqueça o carinho.
Espelhado na flor.

A flor que não morre
Que pausa o tempo num breve momento
Enquanto o sangue escorre
Para a cura de um sentimento

Traga mais vinho.
Mas vinho não tem.
Vinho acabou
E não sobrou pra ninguém.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

62

Perca seu chão
Mergulhe de cabeça
Mais fundo, até não saber mais
Onde se encontra (va)
Aceite.
Nada faz sentido, nem valerá a pena.
Mas perca seu tempo.

Perca seu caminho.
Encontre outro, e perca novamente.
E faça e refaça.
Não aprenda.
Nunca.
Perca seu sentido.

Perca seus amigos
Aceite.
Todos vão. E não voltam.
E ficam as memórias,
lembranças, fotos e sons.
E deixam alguma coisa em mim
Alguma coisa que não se vê, nem se sente
Mas faz presente.
Sempre.
As vezes salta.
E a lágrima escorre
O coração dispara
A cabeça roda.
O sonho volta.
Depois dorme.

E viva perdendo.
Viva passando.
Porque tudo que não volta...
É tudo o que buscamos reviver.
É tudo o que sentimos falta.
É tudo o que dói
É só o tudo.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

(61)


Em quem você pensou
Quem pensou em você
Pra quem você torceu
Quem torceu por você
Com quem você se preocupou
Quem se preocupou com você

Quem estava... e não precisava
Quem não estava... e precisava
Quem você queria que estivesse...

Quem chegou e abraçou
Quem chegou e nem olhou
Quem nem chegou
Quem você queria que chegasse

Com quem você está
Com quem você estará
Com quem você estava
Com quem você nunca esteve
Com quem você queria estar

É o tempo que passou
É o tempo que passa
E o tempo que passará

E o tempo que você queria que passe
Ou que não passasse
Ou que chegasse
Ou acabasse.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

(60)

E por que não?
Por que?
Não é certo, nem errado
É tudo em vão.

Como não?
Como?
Se a vida perde o brilho.
Talvez sobre um coração.

Mesmo que inútil
Já que viver é inútil

E das coisas inúteis da vida,
é que nascerá o amor
E reinará sobre nós.
E o inútil passará a ser útil.
O certo passará a ser errado.

E o brilho surgirá
Das horas menos propícias
E aí não faremos mais nada

Aí só amaremos
E amaremos
E esperaremos do amor
Tudo o que ele não pode dar.
Eu só queria sentir
E sonhar e sorrir
Então senti, sonhei e sorri

E sem querer aprendi
Sem querer quis demais
Sem querer já esqueci
O que eu queria

Então passei a sofrer
passei a chorar
E não mais acreditar...

E foi mais sem querer
Que mais ainda aprendi
Que mais ainda sofri
E portanto, vivi

E tudo o que passou
Na verdade não passou
Na verdade está em mim.
Tudo aquilo que restou.

domingo, 14 de novembro de 2010

58.

Tudo parecia tão distante
Tão quente e agitado e sem sentido
E sem pensar muito em como seria
Eu deixei o mundo
As pessoas, os deveres, a sociedade e até o juízo
Eu deixei o mundo
E criei um mundo
Criei meus sonhos, criei meu caminho
Criei meu destino e desenhei no passado
Escolhi meu teto e pintei meu céu
Não sei mais o que é certo ou errado
Não sei mais se o mundo é assim
Ou se é assim, para mim.
Sei que, aqui, distante de tudo,
É sem entender, sem saber e sem querer.
Que me escondo nesse mesmo mundo que criei,
Me protejo, me aqueço e me esqueço.
Me procuro, me desfaço e me refaço.
E das pessoas que passam,
há aquelas que param, observam
E algumas até refletem,
Mas todas,
abaixam a cabeça e continuo seguindo,
E eu,
Persisto.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O que seria da primavera sem as flores
E das flores sem a beleza
dos olhos de quem as vê?

O que seria do mar sem as ondas
E das ondas sem a coragem
dos surfistas que as enfrentam?

O que seria do palhaço sem o riso
E do riso sem a pureza
das crianças que levam o brilho no olhar?

O que seria do amor?
O que seria da felicidade?
O que seria da vida?

E da criança de rua...
Do cachorro sem dono...
De mim, sem você?

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

(56)

Aquele dia eu não desviei o olhar
Não senti dor ao acordar
Meu sonho era somente uma lembrança boa
Daquelas que me protegiam ao invés de afugentar.

O sol, o céu, o dia.
A calma.
Nada de especial.
Normal.

Meu coração ficou dormindo.
Na cabeça não havia pensamentos.
Qualquer coisa que eu fazia
Não doía.

Podia achar que era ilusão
Mas não podia achar
Podia querer não acordar.
Mas meu querer não me faria sofrer.

Então, por que?
Por nada.. ah, o vazio.
O futuro não temido
E a vida não vivida.

(AnaJuh)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

(53)

Talvez, valesse uma migalha de pão
Não mais que isso.
Esqueceram que ele estava morrendo de fome.
E o outro lado da história, não importava mais.

Era o mundo...
Eram as noites acordadas,
as palavras não ditas e os desejos não realizados
Eram as lembranças

Mas o outro lado da história
sim, importava!
Era melhor não dizer, melhor guardar...
Melhor não magoar,
Melhor não arriscar perder.
Melhor preservar.

Porém do outro lado da história,
era um ser humano, distante como os outros.
Iludido, pobre coitado.
Deixa ele...

E ele?
Ele sonhava, ele esperava
Ele tentava, mesmo inútil,
fazer a diferença.
Ele se esforçava.

Eram dois lado, distantes.
O mesmo objetivo
Com princípios contrários.
São dois lado que de tão parecidos,
Não conseguem viver junto.

(AnaJuh)

Poeta

O poeta tem poder
Tem sentido quando pensa
E pensa quando não tem sentido
E chora, e ri... e brinca e ama.
Tudo, tudo e nada.

O poeta se perde
E encontra sentido nessa perdição
Nos mistérios da vida...
Mistérios? Que mistérios? Onde estão?
O que importa? Quem se importa?

Poeta não é ninguém
Não se define, não se encontra, nem se quer
Quando é alguém
Se define, se encontra e se quer

Mas o poeta não sabe...
Ele nunca sabe!
Ele nunca vai saber, oras!

Por isso somos todos poetas
Todos podemos quando queremos
E rimos da mesma desgraça
E afundamos no mesmo barco
Por isso todos somos, quando queremos
Apenas, não sabemos!

(AnaJuh)

(45)

Eu estava lá, sozinha...
Pensando, pensando...

Enquanto o barulho quebrava todo o meu sossêgo.
Enquanto palavras, atitudes e gestos se voltavam contra mim.

Eu estava lá, tranquila...
Esperando, esperando...

Enquando ninguém pensava que eu voltaria
Enquanto achavam que eu nem estaria lá...

Eu estava lá, de olhos fechados
Deitada na grama, sentindo o vento bater
Desenhando nas nuvens, sonhando calada
Enquanto eles corriam por míseros papéis
Matavam por matérias
Se sujavam por... prazer

Eu estava lá... longe.
Eu chorava, eu sofria e ninguém via.
Eu olhava, só olhava e não entendia.
Enquando a vida passava
E a história se repetia
Eu estava lá, sozinha...

(AnaJuh)

domingo, 24 de outubro de 2010

.

E toda vez que ela precisasse do alguém
Que a razão decidisse abandoná-la
E a carência e o vazio gritassem de dentro do peito
Toda vez que ela quisesse falar as coisas do coração
E assim sendo senti-lo aquecer-lhe o corpo inteiro

Ela corria para bem longe
A procura do vento e do frio
Ela corria a procura da calma e da paciência
E engolia aquilo tudo de uma só vez

Toda vez que ela suspirasse e buscasse a mais bela das lembranças
E o passado trazia um futuro bom
Um futuro que só ela sonhava
Ela olhava para o céu e se declarava todas as noites
Sonhando com o dia em que se declarava de verdade, olhos nos olhos

Era assim dias e noites
Toda vez
Então ela aprendeu a confortar-se com a fuga
E na fuga ela ase acalmava
Na fuga ela buscava a razão que calava o coração
E a fuga dizia para ela só esperar... e ela só esperava.

(AnaJuh)
A luz do sol, vem surgindo, tímida.
Só uma luz... ela pensa.
A lágrima escorre na face da criança...
É mais um brinquedo.. ela quer.
O tiro atinge o peito, do que cidadão morre.
É só mais um, o assassino não pensa.
A nota faz volume no bolso,
Eu estou feliz, todos pensam.
E a luz do sol, foi embora, ainda tímida...
Amanhã vou voltar, ela sabe.
E o vento que aliviou o calor,
Ninguém sentiu.
Aquele olhar, esperando resposta,
Ficou perdido, ainda na multidão.
O som, não fez diferença.
E o barulho da pressa..
Poupou a sensação de paz,
Que ficou sentada, no ponto de ônibus.
Até ser esquecida,
Sem dar adeus.

(AnaJuh)

Persistência

Durante a espera, o tempo
Durante o tempo, a mudança
Mudança... certeza
Certeza, medo.
Meu querer é forte
E minha força é distância
Distância, acaba.
Medo também.

Durante a espera, o erro.
Durante o erro, o aprendizado.
Aprendizado... segurança
Segurança, incerteza
Meu amor é sozinho
Minha mente é ativa
Amor acaba
Mente cansa

Durante a espera, o apego
Durante o apego, paixão
Paixão... desejo
Desejo, falta
Minha luta é insatisfatória
Meu medo é infinito
A luta persiste
O medo também

(AnaJuh)

Soneto Inútil

Enquanto isso, fico me perguntando
Me questionando, e por que não condenando?
Fico me procurando e me testando
Em vão!

Passo noites em claro
Dias claros, a olhar o céu
Procuro olhares sinceros nas ruas
Em vão!

Dizem que eu não escrevo
Que não sou poeta
Dizem que eu não amo

Dizem que eu não acredito
Dizem que sou ninguém
Dizem o que nem ao menos pode ser dito.

(AnaJuh)