terça-feira, 26 de outubro de 2010

(53)

Talvez, valesse uma migalha de pão
Não mais que isso.
Esqueceram que ele estava morrendo de fome.
E o outro lado da história, não importava mais.

Era o mundo...
Eram as noites acordadas,
as palavras não ditas e os desejos não realizados
Eram as lembranças

Mas o outro lado da história
sim, importava!
Era melhor não dizer, melhor guardar...
Melhor não magoar,
Melhor não arriscar perder.
Melhor preservar.

Porém do outro lado da história,
era um ser humano, distante como os outros.
Iludido, pobre coitado.
Deixa ele...

E ele?
Ele sonhava, ele esperava
Ele tentava, mesmo inútil,
fazer a diferença.
Ele se esforçava.

Eram dois lado, distantes.
O mesmo objetivo
Com princípios contrários.
São dois lado que de tão parecidos,
Não conseguem viver junto.

(AnaJuh)

Poeta

O poeta tem poder
Tem sentido quando pensa
E pensa quando não tem sentido
E chora, e ri... e brinca e ama.
Tudo, tudo e nada.

O poeta se perde
E encontra sentido nessa perdição
Nos mistérios da vida...
Mistérios? Que mistérios? Onde estão?
O que importa? Quem se importa?

Poeta não é ninguém
Não se define, não se encontra, nem se quer
Quando é alguém
Se define, se encontra e se quer

Mas o poeta não sabe...
Ele nunca sabe!
Ele nunca vai saber, oras!

Por isso somos todos poetas
Todos podemos quando queremos
E rimos da mesma desgraça
E afundamos no mesmo barco
Por isso todos somos, quando queremos
Apenas, não sabemos!

(AnaJuh)

(45)

Eu estava lá, sozinha...
Pensando, pensando...

Enquanto o barulho quebrava todo o meu sossêgo.
Enquanto palavras, atitudes e gestos se voltavam contra mim.

Eu estava lá, tranquila...
Esperando, esperando...

Enquando ninguém pensava que eu voltaria
Enquanto achavam que eu nem estaria lá...

Eu estava lá, de olhos fechados
Deitada na grama, sentindo o vento bater
Desenhando nas nuvens, sonhando calada
Enquanto eles corriam por míseros papéis
Matavam por matérias
Se sujavam por... prazer

Eu estava lá... longe.
Eu chorava, eu sofria e ninguém via.
Eu olhava, só olhava e não entendia.
Enquando a vida passava
E a história se repetia
Eu estava lá, sozinha...

(AnaJuh)

domingo, 24 de outubro de 2010

.

E toda vez que ela precisasse do alguém
Que a razão decidisse abandoná-la
E a carência e o vazio gritassem de dentro do peito
Toda vez que ela quisesse falar as coisas do coração
E assim sendo senti-lo aquecer-lhe o corpo inteiro

Ela corria para bem longe
A procura do vento e do frio
Ela corria a procura da calma e da paciência
E engolia aquilo tudo de uma só vez

Toda vez que ela suspirasse e buscasse a mais bela das lembranças
E o passado trazia um futuro bom
Um futuro que só ela sonhava
Ela olhava para o céu e se declarava todas as noites
Sonhando com o dia em que se declarava de verdade, olhos nos olhos

Era assim dias e noites
Toda vez
Então ela aprendeu a confortar-se com a fuga
E na fuga ela ase acalmava
Na fuga ela buscava a razão que calava o coração
E a fuga dizia para ela só esperar... e ela só esperava.

(AnaJuh)
A luz do sol, vem surgindo, tímida.
Só uma luz... ela pensa.
A lágrima escorre na face da criança...
É mais um brinquedo.. ela quer.
O tiro atinge o peito, do que cidadão morre.
É só mais um, o assassino não pensa.
A nota faz volume no bolso,
Eu estou feliz, todos pensam.
E a luz do sol, foi embora, ainda tímida...
Amanhã vou voltar, ela sabe.
E o vento que aliviou o calor,
Ninguém sentiu.
Aquele olhar, esperando resposta,
Ficou perdido, ainda na multidão.
O som, não fez diferença.
E o barulho da pressa..
Poupou a sensação de paz,
Que ficou sentada, no ponto de ônibus.
Até ser esquecida,
Sem dar adeus.

(AnaJuh)

Persistência

Durante a espera, o tempo
Durante o tempo, a mudança
Mudança... certeza
Certeza, medo.
Meu querer é forte
E minha força é distância
Distância, acaba.
Medo também.

Durante a espera, o erro.
Durante o erro, o aprendizado.
Aprendizado... segurança
Segurança, incerteza
Meu amor é sozinho
Minha mente é ativa
Amor acaba
Mente cansa

Durante a espera, o apego
Durante o apego, paixão
Paixão... desejo
Desejo, falta
Minha luta é insatisfatória
Meu medo é infinito
A luta persiste
O medo também

(AnaJuh)

Soneto Inútil

Enquanto isso, fico me perguntando
Me questionando, e por que não condenando?
Fico me procurando e me testando
Em vão!

Passo noites em claro
Dias claros, a olhar o céu
Procuro olhares sinceros nas ruas
Em vão!

Dizem que eu não escrevo
Que não sou poeta
Dizem que eu não amo

Dizem que eu não acredito
Dizem que sou ninguém
Dizem o que nem ao menos pode ser dito.

(AnaJuh)