terça-feira, 30 de novembro de 2010

(61)


Em quem você pensou
Quem pensou em você
Pra quem você torceu
Quem torceu por você
Com quem você se preocupou
Quem se preocupou com você

Quem estava... e não precisava
Quem não estava... e precisava
Quem você queria que estivesse...

Quem chegou e abraçou
Quem chegou e nem olhou
Quem nem chegou
Quem você queria que chegasse

Com quem você está
Com quem você estará
Com quem você estava
Com quem você nunca esteve
Com quem você queria estar

É o tempo que passou
É o tempo que passa
E o tempo que passará

E o tempo que você queria que passe
Ou que não passasse
Ou que chegasse
Ou acabasse.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

(60)

E por que não?
Por que?
Não é certo, nem errado
É tudo em vão.

Como não?
Como?
Se a vida perde o brilho.
Talvez sobre um coração.

Mesmo que inútil
Já que viver é inútil

E das coisas inúteis da vida,
é que nascerá o amor
E reinará sobre nós.
E o inútil passará a ser útil.
O certo passará a ser errado.

E o brilho surgirá
Das horas menos propícias
E aí não faremos mais nada

Aí só amaremos
E amaremos
E esperaremos do amor
Tudo o que ele não pode dar.
Eu só queria sentir
E sonhar e sorrir
Então senti, sonhei e sorri

E sem querer aprendi
Sem querer quis demais
Sem querer já esqueci
O que eu queria

Então passei a sofrer
passei a chorar
E não mais acreditar...

E foi mais sem querer
Que mais ainda aprendi
Que mais ainda sofri
E portanto, vivi

E tudo o que passou
Na verdade não passou
Na verdade está em mim.
Tudo aquilo que restou.

domingo, 14 de novembro de 2010

58.

Tudo parecia tão distante
Tão quente e agitado e sem sentido
E sem pensar muito em como seria
Eu deixei o mundo
As pessoas, os deveres, a sociedade e até o juízo
Eu deixei o mundo
E criei um mundo
Criei meus sonhos, criei meu caminho
Criei meu destino e desenhei no passado
Escolhi meu teto e pintei meu céu
Não sei mais o que é certo ou errado
Não sei mais se o mundo é assim
Ou se é assim, para mim.
Sei que, aqui, distante de tudo,
É sem entender, sem saber e sem querer.
Que me escondo nesse mesmo mundo que criei,
Me protejo, me aqueço e me esqueço.
Me procuro, me desfaço e me refaço.
E das pessoas que passam,
há aquelas que param, observam
E algumas até refletem,
Mas todas,
abaixam a cabeça e continuo seguindo,
E eu,
Persisto.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O que seria da primavera sem as flores
E das flores sem a beleza
dos olhos de quem as vê?

O que seria do mar sem as ondas
E das ondas sem a coragem
dos surfistas que as enfrentam?

O que seria do palhaço sem o riso
E do riso sem a pureza
das crianças que levam o brilho no olhar?

O que seria do amor?
O que seria da felicidade?
O que seria da vida?

E da criança de rua...
Do cachorro sem dono...
De mim, sem você?

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

(56)

Aquele dia eu não desviei o olhar
Não senti dor ao acordar
Meu sonho era somente uma lembrança boa
Daquelas que me protegiam ao invés de afugentar.

O sol, o céu, o dia.
A calma.
Nada de especial.
Normal.

Meu coração ficou dormindo.
Na cabeça não havia pensamentos.
Qualquer coisa que eu fazia
Não doía.

Podia achar que era ilusão
Mas não podia achar
Podia querer não acordar.
Mas meu querer não me faria sofrer.

Então, por que?
Por nada.. ah, o vazio.
O futuro não temido
E a vida não vivida.

(AnaJuh)