sábado, 17 de dezembro de 2011

Não é nada.

Do mesmo jeito que cada palavra chega na sua boca pra ser pronunciada, é do mesmo jeito que ela se vai. Não, não se vai. Mas se esconde. Se faz fugir, por qualquer outra parte do corpo que não precise ser exposta. Como? Ela já nem sabe mais. Depois daquela última conversa, aquele último desabafo onde as coisas foram todas jogadas para o alto... Depois daquela dificuldade de colocar tudo de novo nos seus devidos lugares. Mas por mais que ela soubesse onde cada uma estava, depois daquilo elas perderam seu encaixe... E em todas as outras tentativas, era sempre a mesma peça que não encontrava mais seu lugar... Aquela que depois do tombo quis ficar de fora. Aquela que depois daquele susto a deixou tão mais distante, talvez, ou então quieta, talvez. Aquela peça que não toma seu devido lugar porque ela ainda tem medo, ou porque ainda é  incapaz... E um pequeno detalhe fez mudar tudo. E ela? Ela não sabia de mais nada. Porque já não pensava mais... Porque há tempos ela não enxergava bem e agora tampouco importava o lugar das coisas. Ela já estava cansada. Das coisas e dela mesmo. E de como tudo aquilo não se encaixava mais, ou talvez até encaixasse. Mas não era ela quem iria fazer tudo aquilo.  Era calma não era? Paciência... Era aquele segredo de não pensar e não esperar nada da vida que faziam as coisas acontecerem. Era o não querer, o não pensar... Era o nada que atraía o tudo. Ela viveria então para o nada, ela tentaria, então, pensar no nada... Talvez em vão... Talvez não.

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