A altura dos prédios rouba minha visão
Os carros todos me prendem
E eu não me mexo, nem me enxergo
Quem sou eu aqui?
Que lugar é esse, cheio de fumaça
De pessoas e movimentos
De passos que eu não consigo acompanhar
De céu sem cores e árvores perdidas, esquecidas
Que lugar é esse, de tanto excesso
Cheio de olhares atentos e cansados
Olhares que não correspondem sorrisos
E onde está o sorriso?
Que pessoas são essas que eu nunca vi
Que vivem para o trabalho
Que correm para não perder o ônibus
Correm para não perder tempo
Correm para não perder dinheiro
Correm para (não) perder a vida
Será que alguém consegue me ver aqui?
Não, não há tempo para isso.
Ah, eu preciso ir embora
Antes que eu precise correr para viver
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