quarta-feira, 27 de junho de 2012


      Os anos passam e cada vez mais me sinto convencida de que sou mesmo alguém. Não, de que preciso ser alguém! E rápido, porque o tempo está passando. Mas só o que sei é olhar pela janela a espera de que ele passe mesmo, que passe logo, sem que eu perceba. É só isso que espero da vida, que ela passe. E que eu faço dela, além de perder tempo? Ah, se eu soubesse como ganhar tempo. Certamente perderia-o do mesmo jeito. Ah, se nada fosse tão complicado e eu conseguisse me encontrar em qualquer caminho que fosse... Eu me perderia mesmo já tendo me encontrado. E se eu me contentasse em ter só uma vida normal, em ser uma pessoa normal! Ah, se eu soubesse como ser normal!
      Os anos passam e cada vez me sinto convencida de que sou mesmo forte. Não, de que preciso ser forte! Mas quem disse que quero ser forte? Que quero pensar antes de agir, que quero ser correta, que quero ser rica e ter só uma família? Ah, eu quero tudo errado mesmo. Quero perdição e juventude. Quero barulho, bebida e bagunça. E quanto menos eu for alguém, melhor. Quanto menos eu SABER, melhor também. E que minha vida seja sempre de menos.
      Os anos passam e já não sei de mais nada. Já cansei de ter e não ter. Do sim e do não. Já cansei de esperar, de (não) acontecer. Cansei da rotina, mas mais ainda eu cansei de mim. De me olhar no espelho. De me ver sempre do mesmo jeito. Cansei da minha voz. Do meu cabelo. E quando eu tiver que fugir de novo, fugirei de mim mesma.

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